Por um ou outro, ou quem sabe tantos motivos, eu prefiro a
noite. É nesse tempo, enquanto a maioria dorme, que os bons de alma planejam
seu futuro e sonham desvendar o mistério da humanidade. Noite também é tempo de
coragem, pelo menos para mim. De tal forma que há quem precise de alguma
substância para se encorajar, eu preciso dela para sonhar. A lua e as estrelas são
sempre a minha platéia e minha melhor companhia. São nas noites que eu lembro
de ósculos, de farras, dos amores, das paixões, das tentações, dos corações. É
de noite que eu sei o que eu quero. Que eu penso no mistério. Que eu leio e
escolho a dedo. E esse é o tempo que começam as fantasias e a minha
volta ao mundo. A noite é tão inspiradora em seu mistério, tão inquietante em
seu silêncio, tão aconchegante. E seguida de uma boa canção então? Não há quem
resista a esse belo arranjo. Quando a música adentra nossos ouvidos, o pensar corta,
mas o coração aspira. Há noites que estou aqui, outras estou ali. Vou até à
lugares que nem quero ir. Espero tanto pela noite. E com ela também vem a penumbra
e sua melancolia. Leve e sutil: na dose certa. A noite eu reservo mesmo para viver meus sonhos, no meu mundinho. E o que
seriam dos meus dias sem meu crepúsculo de sonhos?
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