quarta-feira, 18 de maio de 2011

Minha aquarela preta e branca

Ela era assim, sempre havia sido assim. Confusa, maluca e sonhadora. Ele? Ah, dele ela não sabia. Mas gostava de resumi-lo de uma maneira um tanto quanto gozada: idiota. Mas não qualquer idiota, um idiota amável, diferente. Diferente de tal forma que nem sabia explicar, e isso a preocupava. Ele tinha alguns defeitos, assim como ela. Talvez mais defeitos que qualidades, ou ela preferia vê-lo assim para que nada a fizesse se apaixonar, já que sempre acreditou que o individualismo, a solidão e que a auto suficiência eram primordiais para uma sonhadora idealista. Era assim que se considerava. Mas ela também via mais seus defeitos que suas qualidades, por que também acreditava que para se chegar a perfeição, ou o mais perto dela possível, além da aceitação, era necessário ter os pés no chão e ciência dos fatos. Amores casuais nunca foram seu forte. Nunca foi romântica, nunca soube ser romântica, talvez por não acreditar no amor entre homem e mulher. Se era pra ser amor, que fosse um amor aventureiro, mas com café. O que, na verdade, não é amor, e sim, um pulo aos contos de fadas, a loucuras, a crenças que na rotina não existem. Era uma fuga da realidade. Uma aventura camuflada de amor. Suas inspirações haviam acabado, assim que a música se interrompeu e a cidade se apagou. A chama da vela, ao lado do café forte, tentava fazê-la voltar a enxergar as folhas amassadas na lixeira azul que fazia par com o cinzeiro (que nunca ninguém havia ocupado) e todas as besteiras que havia escrito para ele, as palavras em vão que para nada serviriam. E sobre a mesa estava seu espelho, o espelho que ela usava para se arrumar para ele e mais ninguém, o espelho que daria o veredito final do final feliz, ou nem tão feliz assim. Enquanto ela pensava no que queria, ou no que deveria querer, o tempo lá fora se encarregava de esfriar seu coração e aquecer a multidão. Sem decidir nada, percebeu que era idiota, mas uma idiota também diferente, só não sabia como. O que a fez perceber que era só mais uma idiota? O simples fato de não se permitir viver coisas novas e de não querer acreditar em mais nada que não fossem seus sonhos idealistas e sua própria realidade. Era verão, chovia e ainda assim fazia muito calor e, sozinha, como sempre, ela preferiu ficar. Foi quando, então, ela viu o arco íris e pensou no quanto aquele risco sozinho era estúpido, cores no céu já pintado de azul. Pra que? Resolveu reparar bem nas suas cores, no seu mistério e na sua leveza e, quando a música voltou a tocar, entendeu que mesmo estando sozinho, ele brilhava e coloria a vida preta e branca de algum sonhador idiota.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Brasileiro não é carioca, não!

Estar em outro país, por si só, já é experiência. Ter a oportunidade de estudar então, melhor ainda. Confesso que sou muito curiosa e sempre fico pensando na maneira que as pessoas desse planeta, tão miscigenado, vivem. São tantos comentários, reportagens em vários lugares, uns falam isso, outros aquilo. Entendi então, que para saber de fato como são as coisas, precisaria vivenciá-las. Foi o que aconteceu. É o que está acontecendo, na verdade. Ora eu penso: Como as coisas são diferentes, é outro mundo mesmo. Mas penso isso da melhor maneira imaginável. Ora eu penso: Queria estar em casa, seria tão mais cômodo. Mas não, não vale a pena. Saber realmente como vivem as pessoas de outro lugar, como são seus costumes, seu cotidiano, sua maneira de pensar, o que elas acham do país que você mora e tantas outras coisas é impagável. Por exemplo, ouvir um espanhol dizendo que para eles, o Brasil é o Rio de Janeiro e todos os brasileiros são cariocas é muito assustador. Mas poder explicar que gaúcho toma chimarrão e sente frio, que mineiro fala UAI, que o rock é algo forte, apesar dos pesares e que eu não gosto de carnaval e não sei sambar, é renovador, se é que vocês me entendem. Nesse primeiro momento, gostaria apenas de deixar claro que as mudanças são muitas, que as diferenças são grandes, que vivenciar é melhor que imaginar e como diz Fernando Pessoa: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Quis terminar com essa frase, já que o poeta é português, e quero falar sobre os portugueses. Os portugueses? Isso fica para a próxima pauta...