terça-feira, 11 de outubro de 2011

Eu quero viver de ilusão

Saiu correndo na chuva. Olhos cheios de lágrima. – Ilusões, dramas e mais dramas que nossa consciência – ou inconsciência – arma para nós. Sonhos guiados por nosso coração e também aqueles escolhidos pela razão. Em questão de segundos, muita coisa passou pela cabeça. Quase que uma era. A música não perdia o sentido, o rumo, nem a direção. A última página do livro havia acabado de ser lida, assim como uma etapa da vida também havia sido cerrada. Mas não tinha para onde correr. - E correr era o que queria. - Correr contra o tempo. Correr das coisas ruins que cercam os sonhos. Correr das incertezas que a insegurança traz. Correr da saudade que aperta o peito. Correr das maldades do mundo que fragilizam a alma. Correr dos medos que a escuridão cria. Correr do negativismo que a sociedade infunde.  Fugir. Queria mesmo era fugir, e sabia muito bem por que. Só não tinha pra onde ir. Mas por isso ou aquilo, não poderia fugir. Onde estava toda a força? Toda a razão? E seus ideais? Não sabia de nada. E a confusão, o drama e as lamentações continuavam a torturar aquele coração que, há pouco, começava a bater de verdade, sem medo, sem receios e com vontade. Foi então que a emoção aflorou e a razão estremeceu. Mas a chuva, junto com as lágrimas, levou embora aqueles sentimentos ruins. Agora, é só saudade, nostalgia, drama, ilusão. Quero sentir, sentir e sentir e, se for necessário, deixar para pensar depois, ou nem pensar. É tão mais lindo, mais gentil, mesmo que iluda. E já dizia Oscar Wilde – “A ilusão é o primeiro de todos os prazeres”.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O que é demais é menos ou nulo

Sorrisos demais, abraços demais, alegria demais, apertos de mão demais. Tudo que é demais é falso ou faz mal. Mas o faz mal vamos deixar de lado. Isso é tudo discurso de falso moralista que quer, quer, quer, quer e quer. Por que quem é, não quer. Isso mesmo! A felicidade não faz questão de ser estrela, ela tem muito mais importância que isso. O amor não veio até aqui para aparecer, ele é bem mais do que provas. A amizade não gosta de ser confundida, ela prefere ser sentida. Ninguém consegue ser alegre o tempo inteiro, não é mesmo, Wander Wildner? O queridinho dos gaúchos estava certíssimo em sua colocação.
Sempre odiei pessoas muito felizes, muito queridas, muito simpáticas. Esse povo que não se desmonta por nada, sabe? Aí, treinando a minha imparcialidade, resolvei mudar de lado e tentar, pelo menos, pensar da maneira que essa gente linda, querida, simpática, que tem muitos amigos e ama o mundo, pensa. “Ou eu sou muito má, ou tem alguma coisa errada”. Era o que me ocorria sempre que encontrava pessoas assim. Pensava que podia ser má, porque não acreditava nessa vida linda. Para mim, isso era utopia. Aliás, continua sendo. Cheguei até a pensar que eu era total desequilibrada, temperamental e bipolar, e que isso era ruim. Enfim, me sentia mal por não gostar de gente muito legal. Para mim, ou era falsidade ou era falsidade.
Até que um dia, tive uma ideia muito idiota: passar o dia todo achando tudo lindo, tudo legal, amando as pessoas e o mundo, e pensando que minha vida era perfeita. O resultado? Fiquei com nojo de mim por que passei o dia me enganando e enganando as pessoas. Não vivi naquele dia, apenas estava ali fazendo algo para alguém, bem assim, abstrato. Me senti um boneco. Isso, boneco é a palavra! Um boneco falante e sem vida. Ninguém vive na ilha da fantasia. E quem pensa que vive, é frustrado ou está precisando de uma visita da humildade e de um choque da realidade. Acorda Brasil!
Ninguém é feliz o tempo inteiro. Ninguém ama todo mundo. Ninguém tem um milhão de amigos ou um milhão de irmãos. Ninguém sabe tudo. Ninguém lê a todo o tempo. E se existe alguém assim, deve ser de outro planeta, porque humano que é humano sofre, chora, tem medo, cai e, o mais importante, sente. E quem sente de verdade, não tem tempo nem coragem de divulgar. Não se preocupe, você não precisa provar nada para ninguém. Você só tem que provar que não precisa provar nada para ninguém. Compreendeu Renato Russo agora? E nesse mundo tão individualista, ninguém está esperando nada de você nem cobrando que seja corajoso, inteligente, feliz, amigo, simpático e lindo o tempo inteiro. Até porque as pessoas tem mais o que fazer, sendo total realista. Se permita desmontar e sentir. Mas sentir por você, não pelos outros. Viva de maneira natural: só assim você vai transparecer o que realmente quer. Espontaneidade é a palavra, baby!

domingo, 18 de setembro de 2011

Como discutir a relação: Você x Você

Andei ouvindo algumas coisas que não gostei. Apesar de terem sido boas, eu não gostei. Mesmo! E adivinhem o que aconteceu! - Analisei a situação e resolvi discutir minha auto relação. É, uma DR comigo mesma!
 A pergunta que não quer calar é: Por que temos tanta dificuldade de aceitar a realidade e admitir os fatos? Quem sabe até conseguimos admitir, mas ouvir isso de um terceiro não é nada agradável. Pelo menos para mim não foi, já que meu orgulho adora descobrir tudo sozinho e ser super, hiper, mega, ultra independente, no auge da denominação. Creio que não estamos preparados para os fatos, nem nunca estaremos. Claro, para isso tenho uma teoria: por mais realistas que somos ou tentamos ser, temos muita esperança dentro de nós, seja qual for o dilema, ou nem tão dilema assim. Simplesmente por que somos humanos, mesmo que por vezes isso não condiga com nossas atitudes.
 Outro ponto a ser relevado é o fato de que é muito mais cômodo acreditar no que queremos. Lá vem a esperança atrapalhar mais uma vez. Todos esses problemas existenciais – se é que posso chamar assim – estão conectados. Analisemos. Quem nunca teve um amigo corno que jamais acreditou o ser? Pois é, ele sempre vai ser enganado pela namorada e sempre vai pensar que ela é uma santa. E se alguém tentar ajuda-lo, ainda tem a chance de passar por agorento ou invejoso. E não pense você que ele é ingênuo! Ou ele tem alguma segunda, terceira e até quarta intenção ou para ele é muito mais prático continuar assim. Analisemos outra vez. Já pensou ele acordar pra vida, terminar o namoro, sofrer sozinho e tentar aproveitar o tempo perdido? E mais: ter que arrumar outra namorada, criar intimidade novamente e ter de fazer todas aquelas coisas chatas de início de namoro? Pensou? Ah, vai dizer que não deu preguiça só de imaginar? – Entendamos nós, que estou analisando friamente o caso e não estou levando em conta o romantismo. Hoje estou caminhando ao encontro da praticidade.
Então, será que não queremos mesmo aceitar os fatos? Sei, depois de muito aprender, que não se deve julgar ninguém, pois não sabemos o que se passa dentro da cabecinha das pessoas, muito menos o motivo de suas atitudes, por mais que tentemos imaginar e entender. Claro que, teoricamente, seria muito mais correto e digno, da parte do seu amigo corno, terminar o namoro, admitir a realidade, se impor como homem e honrar o que tem entre as pernas, mas nem tudo acontece como deve ser. Ah, e tem outra, quem sabe o que é certo e o que é errado? Ninguém, essa é a verdade.
Usei esse exemplo grosseiro, porém real, por que sei que muitos passam por isso ou conhecem alguém que passe, o que torna a compreensão do meu raciocínio mais fácil. Continuemos analisando. Quem não quer “encarar” os fatos, tem algum motivo para não o fazer. Consciente ou inconscientemente como no caso do amigo corno. Daí, minha meia conclusão sobre o assunto: Não é que não conseguimos enfrentar a realidade. É que temos alguma dificuldade proveniente sei lá de onde, por algum motivo que desconhecemos. E isso não nos permite ou não quer que enxerguemos. Entende? Preferimos assim como está, ou não queríamos que fosse de outra forma por desacreditar, por teimosia, pelo próprio comodismo, – pai dos problemas – ou até mesmo por medo. Afinal, temos medo da mudança, seja ela pro bem ou pro mal. Agora, o que me falta descobrir é que problema está conectado ao fato de eu não ter gostado de ouvir o que ouvi. Por que analisar os outros é fácil, né? Mas comecemos por nós...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Nem tão magros em Coimbra

Tudo começou quando aquela minha idéia maluca de      conhecer o mundo foi acendendo dentro de mim. Até que eu fui crescendo e vi que o sonho estava chegando cada vez mais perto, e que eu, deveria de qualquer jeito torná-lo real. Um dia ele aconteceu. Ou pelo menos, partezinha dele. Só que o que eu não sabia é que com ele viriam todos esses sentimentos atrelados.
Algumas pessoas tem mania de glamourizar tudo e se deslumbrar com qualquer acontecimento, mas ter a oportunidade  de estar na Europa, não significa nada perto de tudo o que vivemos e de todas as histórias que contaremos e as que preferiremos nem contar. Sem vocês, com certeza não teria sido tão importante, não teria valido tanto a pena e não teria sido tão divertido nem tão verdadeiro como foi. Poder aprender pequenas coisas junto com alguém que também comete os mesmos erros que você, poder descobrir coisas inimagináveis ou um simples caminho sozinho, se sentir segura e poder transmitir segurança a alguém ou até mesmo poder ligar à qualquer hora, só para contar que cantou a música da Xuxa, é tão confortante quanto impagável. Acredito que esse sentimento se chame amizade, que não tem dia, hora e nem motivo para acontecer.
 Certo dia, numa dessas noites memoráveis de Coimbra, um amigo disse que “aqui não temos referência” e isso me fez matutar. Não é que ele estava certo mesmo? Afinal, mesmo que soe estranho, somos nós por nós mesmos, e só. Nesse momento, senti que tinha mais responsabilidade do que eu imaginava e me senti frágil. Mas e será que a fragilidade é ruim? Não! Pelo menos pra mim não foi. Me sentir frágil, vulnerável e sensível - coisa que até então eu desconhecia - me mostrou que as nossas fraquezas é que muitas vezes nos unem para nos tornar fortes e intensos, no melhor sentido da palavra. E sabe do que mais? Nessas horas percebemos que temos com quem contar, e que alguém preenche o vazio momentâneo que sentimos e nos mostra o caminho certo, o caminho que leva a Associação, ao Bigorna, ao Tapas ou até mesmo a NB. Cada um de vocês que conviveu comigo, mesmo que por pouquinho tempo, tem um pedaço do meu coração. E por mais clichê que possa parecer, só queria agradecer à todos por terem feito parte dos meus melhores minutos e, principalmente, por aguentarem a minha eterna TPM.




Por fim, queria pedir que, por favor, percam a barriguinha europeia! E aos que ficam... Bom, dizem que barriguinha é sinal de saúde!
- Quando se fala que Coimbra é a terra de todos os amores, não é à toa não... Coimbra também é a terra dos meus amores!

sábado, 11 de junho de 2011

A espera do reconhecimento

O ser humano tem essa mania estranha de estar sempre à espera do outro. Mas o outro a que me refiro, são sentimentos, respostas, reciprocidade. O que não existe dentro de qualquer um, infelizmente. O que acontece é que, muitas vezes, as pessoas, além de não saber equilibrar até onde essa espera pode ir, confundem qualquer sentimento com favor. Sim, isso soa estranho, mas se pararmos para pensar, talvez possa fazer sentido, afinal, as minhas teorias sobre a mente humana são tantas que por vezes até me embaraço e, quando isso acontece, quase nada faz sentido. O ponto que quero chegar é que, se quiser ajudar alguém, ajude, mas não espere nada dessa pessoa. Além de não ser digno é frustrante, faz mal tanto para quem ajuda, como para quem é ajudado. Quem está praticando a ação, não está ajudando por vontade própria e transmite a sensação de que está ajudando apenas para ser recompensado, o que no fundo, é apenas espera por reconhecimento ou então, necessidade de se mostrar como bom. Parceria e cumplicidade podem até estar interligadas à favores, já que no nosso querido amigo dicionário essa palavra está designada como uma ação que alguém pratica pensando apenas no bem estar do outro sem esperar nenhum retorno, mas acredito eu, que amigos também agem assim, ou pelo menos deveriam, o problema é a prostituição que fazem com a palavra Favor. Mas já falando por mim, apesar das dificuldades, eu sempre consegui me virar. Confesso que já precisei de ajuda e apenas aceitei porque necessitava, já que sou um tanto quanto orgulhosa, mas no momento não estou precisando de ajuda nem de favores, quero apenas amizade, parceria e cumplicidade, para sentir que não devo nada à ninguém. Sempre deslizei, dei mancadas, fiz coisas erradas, mas nunca com esse intuito, sempre faço querendo acertar e acredito que é assim que as coisas tem de ser, cada um se virando do jeito que der para chegar no destino final com as coisas corretas e com dignidade de poder dizer que tentou. Não quero que ninguém recuse a ajuda dos outros, pelo contrário, quando o sentimento for verdadeiro, tudo é aceitável, estamos aqui para isso mesmo, para adquirir experiências, para viver. A questão é que eu, sendo apenas mais uma perdida pelo mundo, deixo um conselho à você: Quando estiver ajudando alguém, faça com o coração. Se você oferecer ajuda a alguém e esperar algo em troca, é a mesma coisa que se não a fizesse. Seja verdadeiro e perceba que nem sempre favores são bem vindos. E o mais importante, certifique-se bem, antes, se as pessoas precisam do seu favor ou se elas querem apenas a sua amizade e tudo o que vem com ela.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Minha aquarela preta e branca

Ela era assim, sempre havia sido assim. Confusa, maluca e sonhadora. Ele? Ah, dele ela não sabia. Mas gostava de resumi-lo de uma maneira um tanto quanto gozada: idiota. Mas não qualquer idiota, um idiota amável, diferente. Diferente de tal forma que nem sabia explicar, e isso a preocupava. Ele tinha alguns defeitos, assim como ela. Talvez mais defeitos que qualidades, ou ela preferia vê-lo assim para que nada a fizesse se apaixonar, já que sempre acreditou que o individualismo, a solidão e que a auto suficiência eram primordiais para uma sonhadora idealista. Era assim que se considerava. Mas ela também via mais seus defeitos que suas qualidades, por que também acreditava que para se chegar a perfeição, ou o mais perto dela possível, além da aceitação, era necessário ter os pés no chão e ciência dos fatos. Amores casuais nunca foram seu forte. Nunca foi romântica, nunca soube ser romântica, talvez por não acreditar no amor entre homem e mulher. Se era pra ser amor, que fosse um amor aventureiro, mas com café. O que, na verdade, não é amor, e sim, um pulo aos contos de fadas, a loucuras, a crenças que na rotina não existem. Era uma fuga da realidade. Uma aventura camuflada de amor. Suas inspirações haviam acabado, assim que a música se interrompeu e a cidade se apagou. A chama da vela, ao lado do café forte, tentava fazê-la voltar a enxergar as folhas amassadas na lixeira azul que fazia par com o cinzeiro (que nunca ninguém havia ocupado) e todas as besteiras que havia escrito para ele, as palavras em vão que para nada serviriam. E sobre a mesa estava seu espelho, o espelho que ela usava para se arrumar para ele e mais ninguém, o espelho que daria o veredito final do final feliz, ou nem tão feliz assim. Enquanto ela pensava no que queria, ou no que deveria querer, o tempo lá fora se encarregava de esfriar seu coração e aquecer a multidão. Sem decidir nada, percebeu que era idiota, mas uma idiota também diferente, só não sabia como. O que a fez perceber que era só mais uma idiota? O simples fato de não se permitir viver coisas novas e de não querer acreditar em mais nada que não fossem seus sonhos idealistas e sua própria realidade. Era verão, chovia e ainda assim fazia muito calor e, sozinha, como sempre, ela preferiu ficar. Foi quando, então, ela viu o arco íris e pensou no quanto aquele risco sozinho era estúpido, cores no céu já pintado de azul. Pra que? Resolveu reparar bem nas suas cores, no seu mistério e na sua leveza e, quando a música voltou a tocar, entendeu que mesmo estando sozinho, ele brilhava e coloria a vida preta e branca de algum sonhador idiota.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Brasileiro não é carioca, não!

Estar em outro país, por si só, já é experiência. Ter a oportunidade de estudar então, melhor ainda. Confesso que sou muito curiosa e sempre fico pensando na maneira que as pessoas desse planeta, tão miscigenado, vivem. São tantos comentários, reportagens em vários lugares, uns falam isso, outros aquilo. Entendi então, que para saber de fato como são as coisas, precisaria vivenciá-las. Foi o que aconteceu. É o que está acontecendo, na verdade. Ora eu penso: Como as coisas são diferentes, é outro mundo mesmo. Mas penso isso da melhor maneira imaginável. Ora eu penso: Queria estar em casa, seria tão mais cômodo. Mas não, não vale a pena. Saber realmente como vivem as pessoas de outro lugar, como são seus costumes, seu cotidiano, sua maneira de pensar, o que elas acham do país que você mora e tantas outras coisas é impagável. Por exemplo, ouvir um espanhol dizendo que para eles, o Brasil é o Rio de Janeiro e todos os brasileiros são cariocas é muito assustador. Mas poder explicar que gaúcho toma chimarrão e sente frio, que mineiro fala UAI, que o rock é algo forte, apesar dos pesares e que eu não gosto de carnaval e não sei sambar, é renovador, se é que vocês me entendem. Nesse primeiro momento, gostaria apenas de deixar claro que as mudanças são muitas, que as diferenças são grandes, que vivenciar é melhor que imaginar e como diz Fernando Pessoa: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Quis terminar com essa frase, já que o poeta é português, e quero falar sobre os portugueses. Os portugueses? Isso fica para a próxima pauta...